quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Prejuízo que vira lucro e lucros...

Os prejuízos das empresas, algumas vezes,  só podem explicados como uma boa forma de aumentar os lucros, seja os da própria entidade ou seja o de seus diretores e investidores. Por um lado as perdas geralmente são passíveis de previsão já durante a fase de operação em que estariam ocorrendo, ou pelo menos deveria ser assim. E se não é feito, ou tentado um revés é porque um bom motivo deve existir. Também é uma forma eficaz de reduzir o imposto de renda e outros tributos e gastos a serem efetuados em proporção ao lucro porventura obtido.
    As empresas todas, ou pelo menos a maioria,  possuem uma estrutura de apuração dos gastos, ou seja, o custeio. Ou, pelo menos, assim deveria ser. À medida que as operações ocorrem já deveria ser possível registrar os valores de perdas operacionais ocorridas. Um questionamento que se pode fazer então é por que o processo não é revertido. Os preços dos insumos básicos, por exemplo, poderiam ser renegociados, assim como poderiam ser revistos outros custos e processos relacionados às atividades em questão. Somente um “insider”, uma pessoa que esteja plenamente informada da forma como a empresa é administrada, poderia ter certeza de que foi feito o melhor esforço possível para a obtenção de lucro.
    Em relação à aceitação de preços altos de insumos é necessária uma observação: Por meio de "Caixa 2" os compradores podem combinar um preço superfaturado com o fornecedor. A diferença liberalmente paga a mais pela empresa poderia ser depositada em um paraíso fiscal ou revertida na aquisição ou fornecimento de outros bens em momento posterior. Tudo depende das oportunidades disponíveis e do poder de decisão de cada gestor responsável. 
    Por outro lado, o imposto de renda e vários outros gastos como a divisão de lucros e o pagamento de dividendos é pago sobre os ganhos reais obtidos. Um prejuízo simulado surge então como ótima opção de redução dos gastos. São várias as formas de ganho daí oriundas. A queda do valor das ações no mercado associada à certeza de que a desvalorização é “passageira” permite a sua aquisição a preços mais baixos e a geração de ganho certo com essas operações. Até a própria empresa pode, legalmente, fazer essas aquisições - ações em tesouraria -  dentro dos limites previstos em lei. A consciência de que a empresa vai se recuperar, mesmo porque nunca houve crise, garante, certamente, vários tipos de ganho para vários dos envolvidos.
    Engordando o lucro das empresas, a realização de um falso prejuízo pode trazer ganhos a vários participantes do processo de sua gestão. A falta de ações específicas na tentativa de rever procedimentos e valores de insumos que oneram os processos pode indicar uma permissão implícita dos gestores de que tais prejuízos ocorram. Constatadas as perdas operacionais, são várias as formas pelas quais se podem reduzir os valores a pagar de tributos, dividendos e divisão dos lucros e há vários meios de se obter ganho financeiro com os recursos disponíveis no mercado de capitais.
    Geralmente o investidor formiguinha fica à mercê dos grandes investidores que se confundem com os gestores dessas grandes empresas. Cabe a ele verificar se, em que proporção, a médio e longo prazo, o “lucro” desse tipo de operação está sendo devidamente dividido com todos os interessados ou se está sendo embolsado por apenas uma fração.