terça-feira, 20 de agosto de 2013

Economia processual - Reduzindo a papelada

O avanço das tecnologias de informação não garantiu a redução da quantidade de papel produzido nas organizações. Em certos casos até piorou.
Ao invés de produzir documentos enxutos que contenham apenas as informações necessárias, as facilidades de digitação, digitalização, criação de gráficos e, sobretudo, de impressão facilitaram a proliferação de páginas e mais páginas de dados diluídos e, grande parte das vezes, sem objetividade.
Os trabalhos de auditoria e mesmo a instrução processual, no caso de processos jurídicos, podem ser impactados negativamente pelo volume de informação e documentação a ser verificada e processada.
Quanto menos volume de papel a ser organizado, indexado e arquivado, maior seria o tempo disponível que o auditor ou instrutor de um processo se dedicasse à elaboração das peças que deve produzir. 
As assessorias jurídicas e por extensão, escritórios de contabilidade e controladorias internas têm por costume produzir enormes montas de papel para comprovarem seus posicionamentos. No afã de demonstrarem o esforço e a dedicação ao trabalho de responderem os questionamentos, as equipes de auditoria são atulhadas com quilos e mais quilos de documentos.
No caso das organizações públicas ainda é necessário se ressalvar que a economia processual não é um direito. Mas sim um dever. 
Algumas regras básicas podem ajudar:
- Informações contidas em páginas da internet – A colocação do endereço da informação, ou seja, a “url” deve ser o bastante. Em que pese o risco de que a página fique indisponível, a organização que a produziu torna-se responsável por disponibilizar a informação;
- Informações que já foram consolidadas em relatório – O relatório deve falar por si mesmo. Quem deve evidenciá-lo é quem o assinou. Basta que ele seja assinado, ou seja, legalmente certificado para que possa ser usado como prova em um processo.
- Extratos bancários – Em que pese que devem ser analisados de forma integral, somente as ocorrências mais importantes devem ser evidenciadas: saldo inicial e final, transferências recebidas, saques indevidos, cheques emitidos com desvio de finalidade e outros casos semelhantes. O mesmo se aplica às aplicações financeiras: confirmado que foram devidamente efetuadas, cabe apenas comprovar o total de rendimentos ou a falta de aplicação de determinados valores;
- Respostas formais aos questionamentos produzidos - Neste caso apenas o necessário às comprovações mais importantes deve ser mantido. O resto deve ser guardado PROVISORIAMENTE, até a finalização dos trabalhos, quando deverão ser descartados.
- Recibos de entrega, notas fiscais e outros documentos que não estão disponíveis na internet ou em sistemas informatizados: imprimir apenas aqueles que comprovam as principais informações relatadas;
- Documentos que possam ser tirados em telas de sistemas informatizados: Notas de empenho, notas de lançamento, ordens bancárias: imprimir somente os casos ESPECÍFICOS citados em relatório. Caso as ocorrências tratem de períodos inteiros, fazer apenas referência ao sistema;
- Muitas informações podem obtidas como resposta a um questionamento FORMAL e evidenciadas pelos ofícios emitidos pelo auditado;
- Fotografias: devem ser obtidas com a menor resolução possível. Durante os trabalhos de campo podem ser produzidas em quantidades que permitam uma seleção posterior. Após a conclusão dos trabalhos podem ser descartadas as que não se revelarem úteis;
- Formulários de entrevistas: O ideal é que sejam mantidos apenas os que revelam impropriedades e irregularidades. Todavia, no caso em que se possa consolidar as informações em tabelas, apenas as ocorrências mais importantes deverão ser evidenciadas em separado.
Processos muito volumosos impõem dificuldades enormes ao bom andamento dos trabalhos jurídicos. Páginas e mais páginas de documentos inúteis e repetitivos chegam a impedir uma análise isenta e consistente dos fatos ali evidenciados.
Apurando os procedimentos para filtragem do grande volume de informações produzidas, muitas vezes desnecessárias, pode-se garantir melhores resultados na evidenciação dos relatórios produzidos, além de garantir transparência na informação disponibilizada nos processos.

terça-feira, 25 de junho de 2013

Como escrever um discurso

Para escrever um discurso existem algumas regras fixas. Isto não impede que se possa ser criativo em algumas partes do texto.

a) Prólogo:
  • Nome do discurso;
  • Responsável pelo curso;
  • qual o curso.
b) cumprimentar os presentes
  • lembrar-se da hierarquia: Reitor, pro-reitor, coordenador do curso, professores homenageados, pais, amigos, convidados e autoridades presentes, demais professores e funcionários da Escola,
  • Agradecimento especial aos alunos pelo convite
    • Contar da emoção,
    • o fato de ser escolhido entre tantos;
    • do fato de conhecer cada um, em maior ou maior grau,
    • reconhecimento do bom trabalho feito juntos;
c) Importãncia do conhecimento para a vida das pessoas;
- Importãncia do curso feito;
- desafios da carreira;
- Novos determinantes internos da carreira
  • novas áreas a serem atendidas;
  • ambientes que tem sido atendidos pela carreira
  • expansão do campo de trabalho em geral.
- Novos determinantes externos da carreira
  • legislação,
  • tecnologia;
  • economia do país;
  • difusão da informação e internet como um todo.
Outras informações sobre a área de estudo:
- Há quanto tempo existe a carreira;
- Um pouco de história;

- Incentive os alunos a serem bons profissionais:
  • ética - Exemplo: "ética não é ser bonzinho, é se defender e ao futuro";
  • objetividade - quanto mais direto e econômico um texto, melhor;
  • economia;
  • bom senso;
  • busca de inspiração e;
  • de conhecimento.
Fale alguma coisa sobre a turma em específico, mas agora de forma geral:
  • Exemplo: "vocês são a ...ª turma do curso..."
Deixe uma frase final bem impactante:
- "Exemplo para publicidade: “acima de tudo, meus amigos, não se esqueçam que vocês serão a ponte entre um produto e o cliente, entre o brinquedo e a criança, entre a planta de uma fábrica e os empregos que ela gera e o dono de um carro novo.”
Um grande abraço a todos, muito obrigado !!!!!

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Funcionários de segunda linha, empresas de segunda linha

É muito normal uma empresa economizar nos gastos com funcionários.
As diárias pagas são as menores, os equipamentos são baratos e raramente trocados.
Os aumentos são raros e muito pequenos. A falta de reconhecimento é total.
Não importa que o funcionário tenha que se hospedar no pior hotel da cidade.
Não importa que o motorista do carro que o vai buscar veja que o hotel fica na zona boêmia.
O que importa é reduzir os custos.
O que importa fazer novos gastos onde eles podem ser melhor manipulados em favor dos amigos.
Acontece que esses funcionários são o cartão de visita das empresas.
E os gastos que permitiriam uma hospedagem melhor, por exemplo, são irrisórios em relação a outras despesas das  entidades.
Que cada um pague o preço pela economia que julgue certa.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

10 motivos para um controle de frequência não funcionar


Os controles de frequência sempre foram um problema para várias instituições. Principalmente em órgãos públicos. As empresas, nesse caso, levam a vantagem de que a correria para o cumprimento de metas e manutenção do lucro impede que haja tempo para maiores discussões e desgastes relacionados a esse assunto. Impera é o bom senso e as decisões rápidas.
Em alguns casos as dificuldades em se ter um bom e justo controle podem ser enormes.
Já não é fácil controlar pessoas que estão todos os dias trabalhando no escritório, imagine-se a dificuldade em controlar quando é feito serviço externo, por exemplo. E ainda há os atestados, as licenças, os atrasos justificados. E o mais complicado de tudo, gente que não pode ser mandada embora, mas que nunca vai cumprir o horário.
Quanto a essas pessoas especiais, seja no serviço público, ou na iniciativa privada, existem sim. E vão continuar a existir sempre. Pode ser aquele funcionário concursado cujo processo administrativo para puni-lo ou demiti-lo seria muito custoso e que é útil à entidade em grau até maior que o que cumpre os horários. Pode ser o filho do patrão. Pode ser a amante do gerente de uma empresa ou de uma loja. Pode ser a esposa de uma autoridade ou de um grande empresário que ainda gosta, por alguma tara absurda, de fazer um social com as pessoas mais pobres do seu local de trabalho, mas que tem muitos compromissos na sociedade. Todos esses casos são dor de cabeça certa para quem tem que controlar a frequência, inclusive pelo exemplo negativo.
Cabe, é claro, o bom senso, principalmente por parte de quem tem que cumprir fielmente o seu horário.
No caso daqueles que acabam tendo que cumprir fielmente o horário e que são a maioria, a índole e a formação de berço devem ser os motivadores não só para o cumprir sua carga horária diária: Ancorados em sua fibra e correção moral, estes heroicos e assíduos soldados da instituição devem reconhecer as dificuldades vividas pela administração e que são aqui ligeiramente tratados.
Alguns lugares revelam um histórico interessante e positivo em relação ao controle de frequência. Mas, em geral, o perfil desses funcionários “fáceis” de controlar não é aquele que se repete nos outros lugares.
Em uma prefeitura municipal ficou conhecido o procedimento de passar o crachá com código de barras – não magnético – e deixar marcado o horário que se chegava ou saía da instituição. Ao final do mês, um relatório era impresso para cada chefe com os detalhes sobre o comparecimento de cada servidor.
Nesse caso específico, tratava-se de servidores com uma média de idade de pouco mais de 20 anos. Não havia muitos casos de gravidez ou licenças. Nem de problemas de saúde devido à idade. E, em que pese se tratar de funcionário públicos, não havia muitos casos de ausência injustificada.
Ainda assim, era possível sair à rua, caso o chefe não exercesse controle visual permanente e retornar apenas para passar o cartão.
A seguir, uma lista dos principais motivos para que não se consiga um controle efetivo e JUSTO de ponto:
1 – Geralmente os sistemas instalados acabam funcionando mal algum dia e não voltam a funcionar;
2 – Existem muitas situações diferentes que podem acontecer e que justificam, realmente, a ausência;
3 – Os sistemas informatizados como cancelas ou leitores de cartões não contemplam todas as possibilidades que podem acontecer;
4 - Mesmo que os relatórios ou listas de frequência tenham todas as informações a carga de trabalho dos chefes e encarregados para analisá-las pode ser muito grande;
5 – Nas entidades em que os funcionários façam trabalho externo fica mais complicado ainda registrar exatamente o momento em que estão ou não à disposição da empresa;
6 – Nos casos de tarefas externas é muito mais efetivo estabelecer metas e as exigir;
7 – A prática de vários órgãos públicos e empresas particulares é a de que, cumprindo as metas, o colaborador que faz trabalho externo não seja obrigado aos mesmos controles que os que fazem trabalhos apenas internos;
8 – Mesmo os trabalhadores que fazem serviços internos quando informados de que os que fazem trabalho externo têm as tarefas controladas por metas, também querem o mesmo tratamento;
9 - Alguns empregados nunca se sujeitarão ao cumprimento de horário seja por condições de prestígio dentro da entidade, ou seja até por condições físicas ou patológicas;
10 – Havendo alguém na empresa que não é controlável, irremediavelmente os seus pares não vão se julgar obrigados a aceitarem o tratamento mais rígido.
Estes são apenas alguns problemas em se implantar um controle de frequência satisfatório. Os procedimentos e programas informatizados não comportam todas as variáveis. Os valores de cada instituição e de seus colaboradores podem se confrontar.
Em geral, a administração pode encontrar outras formas de se apurar os resultados.
Ademais os resultados e o cumprimento das metas de várias entidades não estão vinculados necessariamente à presença física, em horários determinados, de seus colaboradores nos respectivos postos de trabalho. Prova disso é a ocorrência de várias situações em que o trabalho pode ser feito de casa.
Mais que o bom senso, o dia a dia e o inexorável “andar da carruagem” é que definem o que acontece em cada local de trabalho. Claro que como cabe ao ser humano, que tão devagar se desenvolve, alguns casos ainda vão acontecer de recrudescimento e imaturidade de não se ver que certas coisas não são passíveis de mudanças.
Mas em geral, cada empresa, cada instituição acaba se encontrando. E o cafezinho na esquina ou o almoço com a namorada ou o parente que veio de longe não há de ficar prejudicado...  

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Bolas de neve e fogueiras de vaidade

É o caldo e freddo da administração públlica!!!
Vulgarmente chamado de petit gateau: um geladinho acompanhando um bolinho quente...
Assim são as fogueiras de vaidade que são muito bem acompanhadas por bolas de neve burocráticas...
Funciona assim: o cara precisa ficar em voga, precisa aparecer para garantir o cargo de chefia...
Então ele é obrigado a administrar uma bola de neve para continuar aparecendo...
Só controlando bem a bola de neve é que ele se mantém aparecendo... 
Ele pode criar essa bola de neve ou pode apenas engordar uma bola que já pegou em movimento...
O trabalho é tão útil que ninguém nota que ele existe... 
Na realidade, a comparação com uma bola de neve é um eufemismo útil à comparação com o petit gateau...
Na verdade, o trabalho desse sujeito em tela parece mais com o de um besouro "rola bosta"- escarabeídeo;
Tal é a "qualidade" do produto obtido com o seu trabalho... 
Mas é útil manter a comparação anterior... A bola de neve e a fogueira de vaidade... 
O trabalho dele nunca vai dar em nada.Não é feito para dar em nada.
Não é possível se acostumar é com a ideia de que PODERIA dar certo...  
Há pessoal, há recursos e muito dinheiro está sendo gasto... 


sexta-feira, 1 de março de 2013

Incompetência necessária

            A incompetência sempre é vista como algo negativo. Acontece que num contexto complexo como aquele em que acontecem as atividades humanas, alguns valores acabam se invertendo. Mesmo os piores defeitos podem se transformar em atitudes necessárias à manutenção de uma ordem qualquer e ao funcionamento de certas engrenagens.
            O excesso de produtividade de um setor do serviço público, por exemplo, pode atrair a ira de vários outros setores e atrapalhar o alcance dos resultados. Mesmo em empresas e entidades de alta eficiência certas funções não podem ser exercidas por pessoas muito capacitadas. Outras instituições de tão pequenas e incipientes que são, ou pela clientela que atendem, devem agradecer à existência de uma massa de profissionais pouco capacitados que possam ser submetidos a péssimas condições de trabalho e salários parcos. Outros casos são as profissões que só existem em função de haver uma clientela crédula que acredite na possibilidade de que tal serviço lhes seja realmente necessário. Nestes casos, a crença no profissional pode superar o seu potencial de ser realmente útil e provocar grandes desequilíbrios.
             A vida nas organizações é como uma dança. Quando um casal dança, ambos devem dançar o mesmo tipo de música. Se um tentar dançar samba e outro uma valsa, provavelmente não vai dar muito certo.
             A mesma coisa acontece nas organizações. Se um setor trabalha muito rápido, alguma coisa está errada, ou pelo menos acabará não dando certo. Produtos ficarão inacabados. Alguns clientes não ficarão satisfeitos e por aí vai. Mesmo no serviço público, o volume de fiscalizações, por exemplo, deve ser medido pelo impacto negativo que poderá ter sobre a opinião pública. São os famosos gargalos institucionais.
             Um dos grandes exemplos neste caso é o serviço público. Milhares de anos de apadrinhamento e má gestão não vão ter solução em pouco tempo. 20, 30 anos ou um pouco mais de gestão patrimonial não vão resolver problemas tão antigos. Algumas instituições estão permeadas de tal forma pela incompetência e mal caratismo que as mudanças levarão anos e anos a té serem sentidas. Neste ambiente, qualquer mudança de posicionamento em busca da eficiência tem que ser muito bem trabalhada para ser aceita. Ou todos ganham alguma coisa ou o preço a pagar é muito caro devido à resistência natural.
            É normal que uma pessoa com excesso de capacitação não seja a ideal para determinados cargos. Muitas das vezes, é necessário que o chefe de sessão, ou os cargos intermediários seja preenchidos por pessoas que não percam tempo com questionamentos desnecessários.
            Este não é o perfil dos profissionais com maiores qualificações. Quem estuda mais, quem lê mais, certamente vai questionar a utilidade de um determinado procedimento. Este é o profissional que não se contentará em executar sempre os mesmos procedimentos, com os mesmos defeitos e limitações de sempre.
Em uma estrutura institucional arcaica ou viciada não há espaço para grandes questionadores liderarem.
            Caso tais tipos sejam admitidos, mesmo sem a aquiescência da administração central, devem ser reprimidos, silenciados ou ignorados. Isso acontece muito em concursos públicos que são uma forma de admissão em que o gestor não tem como escolher o caráter, a índole do funcionário. Logo, pode acontecer de serem admitidos servidores que não se atém às exigências limitadoras da entidade.
             Interessante é que algumas áreas de formação até facilitam a alienação profissional. Sobretudo em áreas muito técnicas, o aluno da faculdade não tem tempo, e nem mesmo uma grade curricular, que lhe garanta algum aprofundamento em questões filosóficas. Ciência Política, Economia Política, Filosofia e Sociologia não são matérias de interesse dessas áreas. E são justamente essas questões que dariam maior bagagem intelectual ao profissional para questionar a organização. Trata-se de excelentes técnicos mas de péssimos questionadores. Sua capacidade de reflexão está limitada aos princípios e à doutrina de sua área. E raramente será capaz de filosofar, de questionar ou se posicionar em assuntos que exijam maior reflexão.
              Infelizmente nem todas as instituições têm o mesmo nível de organização. Outras, pelo próprio público que atendem e pela forma que trabalham jamais atrairão os melhores profissionais. Inclusive por não oferecerem salários que compensem a obtenção de maior capacitação. Com raras mas honrosas exceções, alguns negócios por exemplo, como bares mais populares, motéis e ambulatórios médicos, principalmente públicos, sempre serão lugares pouco procurados por profissionais mais capacitados. Para que haja uma massa de trabalhadores disposta a trabalhar em tais lugares e pelos salários que são pagos é necessário que não haja uma boa formação profissional.
              Em alguns setores do Serviço público, a exemplo de pequenas prefeituras e instituições de ensino, precisam necessariamente de que os pretensos candidatos às vagas disponíveis em concursos tenham capacidade profissional e intelectual limitada. O pagamento de valores inferiores a 2 salários mínimos, por exemplo, a psicólogos, enfermeiros e até dentistas só se justifica por haver alguns profissionais no mercado que não seriam capazes de pleitear salários melhores que são pagos por outros empregadores.
             É aos profissionais que não reuniram capacidade laboral e formação geral para partirem para outras iniciativas que vários municípios têm que agradecer por conseguirem completar mal e mal os seus quadros. É eles que vão garantir o funcionamento, mesmo que precário, e o cumprimento da legislação que obriga à sua contratação.
             Faça-se aqui um reforço na questão das exceções. É muito comum que, mesmo nas mais distantes cidades do interior do estado alguns profissionais de excelente formação desejem trabalhar perto de seus lares de onde se ausentaram cedo em busca do estudo universitário que não encontraram por lá. Outro grupo importante, mas infelizmente muito reduzido é o de professores, médicos e enfermeiros, por exemplo cujos conceitos de vocação e por puro altruísmo entre outras qualidades individuais tomam a decisão de se deslocarem, mesmo para longe de suas cidades de origem, para prestarem serviços em regiões onde seus serviços possam ser mais úteis. Nesses casos as condições financeiras, logísticas e mesmo as políticas relacionadas ao trabalho têm menor importância que a realização pessoal.
             Neste ponto, o questionamento sobre a competência alcança mesmo a escola pública e alguns cursos superiores. A questão pode ser, por exemplo, caso houvesse mesmo um ensino público de excelente qualidade e que conseguisse excelentes resultados para um número muito maior de pessoas, isso não seria ruim para as classes médias e o empresariado. A competição pelos melhores cargos tenderia a ser maior e a dificultar a própria vida dos filhos e parentes dos representantes dessas classes. Esses poucos profissionais com excelente formação provavelmente não teriam a mesma disposição da massa com problemas de letramento para ocuparem as péssimas funções disponíveis em várias áreas do mercado.
              Outro caso menos grave mas digno de nota são as profissões que dependem da crença dos pretensos clientes para existirem. Antes de avançar no assunto é necessário se registrar que a incompetência é uma via de mão dupla. Pode estar localizada em quem executa um determinado serviço. Mas também, e na maioria das vezes, inclusive para os casos acima, depende muito de uma clientela inocente e com pouco senso crítico para que possa continuar a existir da forma que existe.
              São os casos das profissões que dependem de gente crédula para existirem. Sem generalizar, mas os instrutores individuais de educação física – “personal trainners”, os fisioterapeutas, psicólogos, psicoterapeutas e terapias alternativas em geral dependem de uma massa de pessoas que acreditem nas formas como os serviços são prestados de maneira geral. Não se trata de uma depreciação dessas carreiras. Mesmo a medicina em certos casos, necessita de que o cliente se disponha a atribuir tal e qual autoridade ao profissional que vai lhe dar atendimento.
            O problema e onde há realmente incompetência é quando falha o profissionalismo e entra a fé cega. Grande exemplo são a maioria dos religiosos que não tem qualquer formação humanitária para que possam realmente ajudar a seus clientes. Mesmo assim, devido à aura de sagrado que cerca suas profissões acabam erigidos à autoridade para a qual não estão preparados. Esse desequilíbrio entre mérito e autoridade acaba por resultar nas constantes notícias que aparecem na media sobre abusos cometidos por religiosos.
             Há casos e casos. Mas em geral, os profissionais das áreas citadas acima são vistos como autoridades em suas áreas. O problema é que, grande parte das vezes, seus conhecimentos são parcos e não atingem um nível que permita que profissional mantenha o devido controle da autoridade que é atribuída a ele. Pergunte-se por exemplo à maioria dos instrutores de academia quando é que leram sobre esse e aquele assunto e raramente se dará a grande surpresa de ver que o sujeito leu mesmo.
             Outra situação perversa é o caso em que, por gerações e gerações os salários tem sido ruins e a carga de trabalho muito alta ou níveis de riscos muito elevados. Caso dos contadores ou dos policiais, respectivamente. É lógico que não serão as pessoas mais capacitadas que procurarão aquele trabalho. E as que procurarem, mas se sentirem mais capazes, inevitavelmente procurarão debandar dessas profissões. Forma-se dessa forma um círculo vicioso que poucas vezes é quebrado.
             Exceção deve ser feita aqui para os líderes dessas classes que, apesar de raras vezes saírem de sua área profissional acabam por se darem bem financeiramente com as promoções que recebem. Tais mudanças nos postos das carreiras lhes garantem menor carga de trabalho ou menor nível de risco nas atividades desenvolvidas.
             As causas e as consequências da incompetência são muitas. As exceções têm que ser repetidamente divulgadas e reconhecidas. Instituições pobres, empresas que lidam com serviços e clientelas difíceis não têm como pagar bons salários e acabam admitindo qualquer um. Anos e anos de baixos salários pagos e condições ruins de trabalho, vividos por uma classe fazem com que gente mais preparada acabe procurando outras opções profissionais e condenando determinadas áreas a admitir pessoal sem boa formação. Em certas profissões a utilidade e a eficácia do trabalho desenvolvido podem ser superados pelo carisma do profissional ou mesmo do clima que cerca sua atividade e fazem com que o foco seja desviado dos verdadeiros objetivos.
             Ou seja, esse mundo não funciona sem gente ruim de serviço. Os fast foods, os botecões sujos, e todos os lugares menos atrativos sempre sofrerão com as dificuldades em contratar gente bem formada e bem treinada. Ao invés de um xingamento, essa conclusão deve servir de aviso aos responsáveis por esses empregos. Treinem bem seus funcionários, estimulem-nos, escultem seus clientes mesmo quando se tratarem de órgãos públicos. Leiam e informem-se para não ficarem para trás no trem da novidade, da especialização e da boa capacitação.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Como escrever sobre alguma coisa - Roteiro Básico

          Então você decidiu escrever sobre alguma coisa? Ou foi um chefe que ordenou que fosse produzido um texto sobre um produto da empresa? Uma tarefa da Escola? Pode ser apenas um passatempo. Mas, mesmo assim, isso não quer dizer que não possam existir regras que te ajudem a produzir um texto informativo e atraente.
          Note que as regras apresentadas abaixo são apenas uma proposta. O interesse de cada um e o tipo de análise a ser feita é que vão determinar o que aproveitar, ou não. Tanto quanto possível, as ideias abaixo tentam se assemelhar às que são utilizadas para fazer uma dissertação.
          Na dissertação, segundo as técnicas gerais de redação, busca-se comprovar uma  ideia que é inicialmente apresentada. Em seguida procura-se fatos e argumentos que comprovem o que está sendo dito. E depois se produz uma conclusão com o reforço das ideias apresentadas e um pequeno resumo, mais ou menos como é apresentado a seguir.
          Regra nº 01 - Como na dissertação, seria interessante iniciar o texto com uma opinião impactante e que vai ser provada ao longo da análise. Lembre-se que, ao contrário de um relatório, em que as opiniões pessoais devem ser evitadas, aqui o importante é convencer a pessoa de sua posição. Não é necessário se prender à obrigação de opinar, ou não. Apenas é importante firmar posição a respeito. Em alguns casos será necessário escrever e preparar o resto do texto para que se possa formar tal opinião a respeito de algo. O uso da linguagem em terceira pessoa sempre dará uma ideia leve de isenção, mesmo que haja o empenho pessoal em ser parcial.
          Exemplo: Um filme do qual se gosta muito, com várias indicações ao Óscar, por exemplo. Mesmo assim deve-se buscar certa moderação ao descrevê-lo para que o texto não fique parecendo elogio puro e descompromissado.
          Regra nº 02 - Faça uma descrição sucinta do produto, serviço ou notícia a ser analisado. Não se atenha a detalhes comuns a outros produtos existentes no mercado. Apenas dê nome a eles. Concentre-se nas novidades. Mas lembre-se que um detalhamento maior será dado pelas outras informações que virão em seguida.
         Exemplo: para falar de uma nova versão de um carro já bem conhecido não fique descrevendo o que já existe no modelo anterior. A novidade é que deve ser detalhada.
          Regra nº 03 - Não deixe de ponderar os aspectos positivos e os negativos. Posicionar-se de forma descaradamente parcial em relação a uma obra, a um produto ou a um serviço tira a credibilidade de quem redige uma análise. Mesmo que o objeto analisado aparentemente possa parecer sem ressalvas, posicione-se no lugar de alguém que possa não gostar dela e emita o que seria a opinião dessa pessoa.
          Exemplo: É o caso de um filme de terror que seja extremamente bem feito. Muita gente pode gostar ou respeitar. Mas certamente haverá inúmeras pessoas que odiarão, independente da qualidade do produto. 
          Regra nº 04 - Caso resolva divulgar seu texto na internet, atenha-se a este cuidado: Não se esqueça de lidar com palavras chaves que farão com que o material produzido possa ser encontrado facilmente no google ou em outros motores de pesquisa. Não deixe de marcar essas palavras chaves no seu texto para que ele seja fácil de encontrar. Tenha essa preocupação desde o início da produção do texto. Procure ver que palavras são mais comuns.
          Exemplo: No próprio caso deste texto foi usada como expressão chave a palavra "como" que é bem comum no google. O nome do autor também pode ser uma opção.
          Regra nº 05 - Não se esqueça de fazer exemplos e comparações. Conte uma estorinha a respeito. Mesmo que descaradamente falsa, ela servirá de âncora para ajudar a fixar o assunto na mente de quem lê. Baseando-se em outras experiências semelhantes como o contato com esse e aquele produto os leitores se sentirão atraídos pelo texto.
          Exemplo: Se apenas o nome de um veículo é citado, ele pode ser esquecido mais fácil.Caso se diga, por exemplo que esse o Aston Martin usado por Sean Conery em 007, é claro que o veículo será mais fácil de ser lembrado.
          Regra n° 06 - Não tenha medo de atribuir uma nota se for cabível. Por mais pessoal que seja, é direito seu ter a sua opinião sobre o assunto e classifica-la pelos critérios que achar mais justos. Aqui entraria uma discussão sobre objetivo e subjetivo. Mas a prática da análise faz com que gradativamente o analista vá se tornando técnico sobre o assunto e internize o hábito de fazer uma análise sucinta e baseada em critérios objetivos mas que represente a sua opinião pessoal.
          Exemplo: com bastante prática, pode-se falar de uma coisa da qual não se gosta tanto com certa isenção. No caso de reality shows, pode-se procurar fazer uma descrição que não deplore os aspectos negativos, mas que procure demonstrar os fatos reais, como a movimentação de dinheiro, por exemplo.
          Regra n° 07 - Informe sobre quem poderia ser o público alvo do produto ou artigo ou mesmo do serviço que está analisando. Explique rapidamente por que acha que esse e aquele tipo de pessoa estarão interessados no produto.
          Exemplo: "Este produto é direcionado a pessoas que gostem de mais emoção nos jogos", ou "os profissionais mais favorecidos por esta configuração do NoteBook serão os que tiverem que lidar com imagens ou grandes arquivos de projetos".
          Regra n° 08 - Acrescente empatia à leitura. Tente se colocar no lugar da pessoa que vai ler e ver se este é o produto que ela quer. Uma boa opção é descrever o que sentiu ao ter contato com o objeto descrito:
          Exemplo: "Ao se ligar o microondas, o painel bem iluminado e cheio de opções já tranquiliza os menos experientes com cozinha"
          Regra n° 09 -  Não deixe de usar efeitos visuais. Passo a passo você será capaz de incrementar seus textos com imagens e outros recursos que a enriquecerão. Até mesmo os recursos de digitação como negrito ou itálico podem ser úteis para trazer mais interesse e movimento ao texto.
         Exemplo: Não deixe de grifar citações, subtítulos ou passagens importantes.

         Regra n° 10 - Não deixe de acrescentar detalhes de como um interessado pode ter acesso ao que está sendo analisado. Como poderá ser alcançado o produto analisado ou o bem procurado  ou algo assim. Informar sobre o vendedor e/ou acrescentar o link para aquisição ou para obter mais informações pode ser muito útil.
         Exemplo: Um trailer do filme pode ser obtido em www.adorocinema.com.br. A empresa que produz o estranho veículo é representada no Brasil, entre outras empresas por:
         Para fechar, conclua como faria numa dissertação: Volte à tese inicial e demonstre que os dados que você foi citando ao longo do texto apenas reforçam seu posicionamento inicial. Não deixe de resumir os argumentos. E podendo, e havendo inspiração, não deixe de acrescentar uma frase de efeito ao final de tudo.
p.s. a sugestão de uma frase de efeito ao final constava em pelo menos uma das versões do manual do candidato ao concurso de admissão ao Instituto Rio Branco do Ministério das Relações Exteriores. Essa Instituição é a responsável pela formação dos futuros diplomatas brasileiros.