quarta-feira, 1 de maio de 2013

10 motivos para um controle de frequência não funcionar


Os controles de frequência sempre foram um problema para várias instituições. Principalmente em órgãos públicos. As empresas, nesse caso, levam a vantagem de que a correria para o cumprimento de metas e manutenção do lucro impede que haja tempo para maiores discussões e desgastes relacionados a esse assunto. Impera é o bom senso e as decisões rápidas.
Em alguns casos as dificuldades em se ter um bom e justo controle podem ser enormes.
Já não é fácil controlar pessoas que estão todos os dias trabalhando no escritório, imagine-se a dificuldade em controlar quando é feito serviço externo, por exemplo. E ainda há os atestados, as licenças, os atrasos justificados. E o mais complicado de tudo, gente que não pode ser mandada embora, mas que nunca vai cumprir o horário.
Quanto a essas pessoas especiais, seja no serviço público, ou na iniciativa privada, existem sim. E vão continuar a existir sempre. Pode ser aquele funcionário concursado cujo processo administrativo para puni-lo ou demiti-lo seria muito custoso e que é útil à entidade em grau até maior que o que cumpre os horários. Pode ser o filho do patrão. Pode ser a amante do gerente de uma empresa ou de uma loja. Pode ser a esposa de uma autoridade ou de um grande empresário que ainda gosta, por alguma tara absurda, de fazer um social com as pessoas mais pobres do seu local de trabalho, mas que tem muitos compromissos na sociedade. Todos esses casos são dor de cabeça certa para quem tem que controlar a frequência, inclusive pelo exemplo negativo.
Cabe, é claro, o bom senso, principalmente por parte de quem tem que cumprir fielmente o seu horário.
No caso daqueles que acabam tendo que cumprir fielmente o horário e que são a maioria, a índole e a formação de berço devem ser os motivadores não só para o cumprir sua carga horária diária: Ancorados em sua fibra e correção moral, estes heroicos e assíduos soldados da instituição devem reconhecer as dificuldades vividas pela administração e que são aqui ligeiramente tratados.
Alguns lugares revelam um histórico interessante e positivo em relação ao controle de frequência. Mas, em geral, o perfil desses funcionários “fáceis” de controlar não é aquele que se repete nos outros lugares.
Em uma prefeitura municipal ficou conhecido o procedimento de passar o crachá com código de barras – não magnético – e deixar marcado o horário que se chegava ou saía da instituição. Ao final do mês, um relatório era impresso para cada chefe com os detalhes sobre o comparecimento de cada servidor.
Nesse caso específico, tratava-se de servidores com uma média de idade de pouco mais de 20 anos. Não havia muitos casos de gravidez ou licenças. Nem de problemas de saúde devido à idade. E, em que pese se tratar de funcionário públicos, não havia muitos casos de ausência injustificada.
Ainda assim, era possível sair à rua, caso o chefe não exercesse controle visual permanente e retornar apenas para passar o cartão.
A seguir, uma lista dos principais motivos para que não se consiga um controle efetivo e JUSTO de ponto:
1 – Geralmente os sistemas instalados acabam funcionando mal algum dia e não voltam a funcionar;
2 – Existem muitas situações diferentes que podem acontecer e que justificam, realmente, a ausência;
3 – Os sistemas informatizados como cancelas ou leitores de cartões não contemplam todas as possibilidades que podem acontecer;
4 - Mesmo que os relatórios ou listas de frequência tenham todas as informações a carga de trabalho dos chefes e encarregados para analisá-las pode ser muito grande;
5 – Nas entidades em que os funcionários façam trabalho externo fica mais complicado ainda registrar exatamente o momento em que estão ou não à disposição da empresa;
6 – Nos casos de tarefas externas é muito mais efetivo estabelecer metas e as exigir;
7 – A prática de vários órgãos públicos e empresas particulares é a de que, cumprindo as metas, o colaborador que faz trabalho externo não seja obrigado aos mesmos controles que os que fazem trabalhos apenas internos;
8 – Mesmo os trabalhadores que fazem serviços internos quando informados de que os que fazem trabalho externo têm as tarefas controladas por metas, também querem o mesmo tratamento;
9 - Alguns empregados nunca se sujeitarão ao cumprimento de horário seja por condições de prestígio dentro da entidade, ou seja até por condições físicas ou patológicas;
10 – Havendo alguém na empresa que não é controlável, irremediavelmente os seus pares não vão se julgar obrigados a aceitarem o tratamento mais rígido.
Estes são apenas alguns problemas em se implantar um controle de frequência satisfatório. Os procedimentos e programas informatizados não comportam todas as variáveis. Os valores de cada instituição e de seus colaboradores podem se confrontar.
Em geral, a administração pode encontrar outras formas de se apurar os resultados.
Ademais os resultados e o cumprimento das metas de várias entidades não estão vinculados necessariamente à presença física, em horários determinados, de seus colaboradores nos respectivos postos de trabalho. Prova disso é a ocorrência de várias situações em que o trabalho pode ser feito de casa.
Mais que o bom senso, o dia a dia e o inexorável “andar da carruagem” é que definem o que acontece em cada local de trabalho. Claro que como cabe ao ser humano, que tão devagar se desenvolve, alguns casos ainda vão acontecer de recrudescimento e imaturidade de não se ver que certas coisas não são passíveis de mudanças.
Mas em geral, cada empresa, cada instituição acaba se encontrando. E o cafezinho na esquina ou o almoço com a namorada ou o parente que veio de longe não há de ficar prejudicado...  

Um comentário:

  1. Difícil não ser moralista e ao mesmo tempo ser justo, sobretudo no funcionalismo publico.

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